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Zen surf de trem é um blog/coluna, que aborda de maneira jovial e sem compromisso, a realidade de um lugar diferente, os pensamentos de um sonhador e as informações de uma banda que luta em busca divulgar o seu som e sua ideologia . Um blog onde o debate é a palavra de ordem, do social a ufologia, sempre respeitando a opinião do próximo. Publicado em diversos jornais e sites do Mato Grosso do Sul.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Pelo preço ou pelo povo?


             Passada uma semana de uma das maiores festas da fronteira, o Motorcycle, balanços gerais começam a serem realizados, não somente pela organização, mas também pela população fronteiriça, brasileiros e paraguaios.
             Que o Motorcycle, é uma grande festa e um dos maiores encontros de motociclistas do país, todo mundo já sabe! Que trás benefícios para o comércio, com o recebimento de milhares de turistas na fronteira e ajuda a população já que toda renda adquirida é doada para instituições beneficentes, todo mundo também já sabe! Sendo assim, não há do que se reclamar, já que todo mundo sai satisfeito, será mesmo? Vejamos.
        Nesta semana, a organização do evento através de seu representante maior, o presidente do Renegados Motoclube, declarou que o evento teve uma baixa significativa de público. E ainda estariam avaliando a viabilidade de um próximo evento para o ano que vem, já que conforme declaração, faltou apoio da comunidade local tanto por parte dos comerciantes, como dos moradores da fronteira, esta é a parte da organização, mas o público não compareceu porque? Simplesmente porque queriam ficar na avenida?
             Na contra-partida desses fatos, surge a voz do povo, e como já disse o poeta, a voz do povo é a voz de Deus. Vale a pena destacar, que eu sou um espectador assíduo do evento, e colaboro com o mesmo, a dez anos, me apresentando em todas as edições, seja a convite da organização, ou de algum moto clube presente no evento, portanto não tenho porque, nem estou falando mal do evento, ao qual gosto bastante, e muito menos dos organizadores aos quais tem meu respeito e minha consideração, por serem homens idoneos e que prestam um relevante serviço para a população. Sendo assim, apenas acredito que há duas faces da moeda, e se o público não se fez presente como nos outros anos, algum motivo diferenciado ocorreu e precisamos destacar para que a fronteira não perca este importante evento.
       Minha formação acadêmica, não me permite embassar convicções apenas em “achismo”, sendo assim antes, durante e após o evento me atentei aos comentários em geral dos espectadores considerados potênciais, ou seja, os moradores da fronteira. Acontece que, por ser uma edição especial da festa, a 10ª edição, a organização queria fazer algo maior e diferente, com dois grandes shows, um na sexta e outro no sábado. Diante disto, uma afirmação é essencial, cresce o evento, crescem os custos e esses custos devem ser repassados. Começando então a grande questão a ser debatida, o preço. Neste caso a organização aderiu o que em “economês” chama, preço de produtos em fase de crescimento. Segundo Cobra, um dos maiores estudiosos do marketing no Brasil, o crescimento de um produto no mercado vai depender de sua política de preços. À medida que a aceitação do produto aumenta, o preço vai sendo ajustado, de inicialmente um preço de penetração, para um preço que cubra os custos e o capital envolvido e ainda proporcione uma margem de lucros inicial pequena. Sendo assim, como seria a 10ª edição , de um evento consolidado na fronteira , não teriam problemas em aumentarem os preços. Mas, não foi bem assim, muitas pessoas deixaram de ir até o parque devido ao preço elevado, não somente da entrada, mas também pelo preço abusivo dos produtos dentro do parque de exposição. Diante disso, o povo que em sua maioria não é elite e sim assalariado, preferiu economizar, ou simplesmente, não teve condições de prestigiar o evento.
               Outra questão a ser repensada, são os shows principais, que não foram de agrado da população desde seu anúncio no início do ano. Nada contra as bandas, mas repetir uma banda que já esteve por aqui em outra edição do evento e trazer uma banda de pouquissíma expressão na atualidade, foi um tiro no pé, de quem queria inovar e fazer algo diferente. Uma sugestão bastante válida, nesse quesito, seria uma pesquisa voltada ao público, sobre as atrações que mais gostariam de assistir, pois acredito que isto fica a cargo de poucas pessoas, quando é o povo que deveria escolher, já que o evento é para toda a população.
Entre outros aspectos da variavel “preço”, quem poderia pagar menos, ou melhor a metade, que são os estudantes por direito, mais uma vez sofreram um descaso imenso, com uma burocrácia descomunal para adquirir a meia entrada, um direito adquirido de todos os estudantes brasileiros. Além de enfrentar uma única e imensa fila para comprar a meia entrada, era necessário estar com a carteira de identidade em mãos, juntamente com a carteirinha de estudante, para que ambas fossem fotocopiadas e só depois poderiam ser vendidas as entradas destinadas aos estudantes. Não faço idéia o porque de todo esse procedimento, uma vez que a apresentação do documento comprobatório do estudante deve ser cobrado apenas no seu ingresso ao evento, e este documento comprobatório não necessariamente precisa ser a carteira do estudante, mas qualquer documento que prove que o aluno está devidamente matrículado, ou seja, um boletim, um carnê de pagamento, uma carterinha da instituição de ensino, um comprovante de matrícula, todos esses documentos são legalmente aceitos, ou deveriam ser, para o direito da meia entrada, não consigo enteder o porque dificultar tanto para a comunidade estudantil, até por que quanto mais pessoas, maior a arrecadação e nem todo mundo é estudante, sendo que uma pessoa leva a outra. Não sei também se isto se dá pelo descredito que a UPEr tem em nossa cidade, mesmo assim, não se pode penalizar toda uma comunidade estudantil, por uma instituição sem credibilidade.
         Entre prós e contras, vale analisar também que se querem o “povão” no parque, é necessário que os preços sejam para a comunidade, preços populares, só assim pode-se cobrar a participação da comunidade , pois nenhum pai de familia vai deixar de pagar suas contas, ou deixar de garantir suas necessidades básicas para ir ao Motorcycle, e acredite se quiser a maioria esmagadora povo ainda é pobre, e antes de pensar em se divertir, pensam em suas primeiras necessidades. Fica a pergunta que não quer calar, será mesmo que o declínio do Motorcycle este ano, se deu pelo preço ou pelo povo?
             De qualquer maneira, torço para que o evento volte a ser o sucesso que sempre foi e principalmente, um evento para toda comunidade fronteiriça, sem distinção de classes sociais.
 
João Caetano - Músico/Compositor,
líder da banda Surfistas de Trem,
Economista e colaborador do JR.

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