Passada
uma semana de uma das maiores festas da fronteira, o Motorcycle,
balanços gerais começam a serem realizados, não somente pela
organização, mas também pela população fronteiriça, brasileiros
e paraguaios.
Que
o Motorcycle, é uma grande festa e um dos maiores encontros de
motociclistas do país, todo mundo já sabe! Que trás benefícios
para o comércio, com o recebimento de milhares de turistas na
fronteira e ajuda a população já que toda renda adquirida é doada
para instituições beneficentes, todo mundo também já sabe! Sendo
assim, não há do que se reclamar, já que todo mundo sai
satisfeito, será mesmo? Vejamos.
Nesta
semana, a organização do evento através de seu representante
maior, o presidente do Renegados Motoclube, declarou que o evento
teve uma baixa significativa de público. E ainda estariam avaliando
a viabilidade de um próximo evento para o ano que vem, já que
conforme declaração, faltou apoio da comunidade local tanto por
parte dos comerciantes, como dos moradores da fronteira, esta é a
parte da organização, mas o público não compareceu porque?
Simplesmente porque queriam ficar na avenida?
Na
contra-partida desses fatos, surge a voz do povo, e como já disse o
poeta, a voz do povo é a voz de Deus. Vale a pena destacar, que eu
sou um espectador assíduo do evento, e colaboro com o mesmo, a dez
anos, me apresentando em todas as edições, seja a convite da
organização, ou de algum moto clube presente no evento, portanto
não tenho porque, nem estou falando mal do evento, ao qual gosto
bastante, e muito menos dos organizadores aos quais tem meu respeito
e minha consideração, por serem homens idoneos e que prestam um
relevante serviço para a população. Sendo assim, apenas acredito
que há duas faces da moeda, e se o público não se fez presente
como nos outros anos, algum motivo diferenciado ocorreu e precisamos
destacar para que a fronteira não perca este importante evento.
Minha
formação acadêmica, não me permite embassar convicções apenas
em “achismo”, sendo assim antes, durante e após o evento me
atentei aos comentários em geral dos espectadores considerados
potênciais, ou seja, os moradores da fronteira. Acontece que, por
ser uma edição especial da festa, a 10ª edição, a organização
queria fazer algo maior e diferente, com dois grandes shows, um na
sexta e outro no sábado. Diante disto, uma afirmação é essencial,
cresce o evento, crescem os custos e esses custos devem ser
repassados. Começando então a grande questão a ser debatida, o
preço. Neste caso a organização aderiu o que em “economês”
chama, preço de produtos em fase de crescimento. Segundo Cobra, um
dos maiores estudiosos do marketing no Brasil, o crescimento de um
produto no mercado vai depender de sua política de preços. À
medida que a aceitação do produto aumenta, o preço vai sendo
ajustado, de inicialmente um preço de penetração, para um preço
que cubra os custos e o capital envolvido e ainda proporcione uma
margem de lucros inicial pequena. Sendo assim, como seria a 10ª
edição , de um evento consolidado na fronteira , não teriam
problemas em aumentarem os preços. Mas, não foi bem assim, muitas
pessoas deixaram de ir até o parque devido ao preço elevado, não
somente da entrada, mas também pelo preço abusivo dos produtos
dentro do parque de exposição. Diante disso, o povo que em sua
maioria não é elite e sim assalariado, preferiu economizar, ou
simplesmente, não teve condições de prestigiar o evento.
Outra
questão a ser repensada, são os shows principais, que não foram de
agrado da população desde seu anúncio no início do ano. Nada
contra as bandas, mas repetir uma banda que já esteve por aqui em
outra edição do evento e trazer uma banda de pouquissíma expressão
na atualidade, foi um tiro no pé, de quem queria inovar e fazer algo
diferente. Uma sugestão bastante válida, nesse quesito, seria uma
pesquisa voltada ao público, sobre as atrações que mais gostariam
de assistir, pois acredito que isto fica a cargo de poucas pessoas,
quando é o povo que deveria escolher, já que o evento é para toda
a população.
Entre
outros aspectos da variavel “preço”, quem poderia pagar menos,
ou melhor a metade, que são os estudantes por direito, mais uma vez
sofreram um descaso imenso, com uma burocrácia descomunal para
adquirir a meia entrada, um direito adquirido de todos os estudantes
brasileiros. Além de enfrentar uma única e imensa fila para comprar
a meia entrada, era necessário estar com a carteira de identidade em
mãos, juntamente com a carteirinha de estudante, para que ambas
fossem fotocopiadas e só depois poderiam ser vendidas as entradas
destinadas aos estudantes. Não faço idéia o porque de todo esse
procedimento, uma vez que a apresentação do documento comprobatório
do estudante deve ser cobrado apenas no seu ingresso ao evento, e
este documento comprobatório não necessariamente precisa ser a
carteira do estudante, mas qualquer documento que prove que o aluno
está devidamente matrículado, ou seja, um boletim, um carnê de
pagamento, uma carterinha da instituição de ensino, um comprovante
de matrícula, todos esses documentos são legalmente aceitos, ou
deveriam ser, para o direito da meia entrada, não consigo enteder o
porque dificultar tanto para a comunidade estudantil, até por que
quanto mais pessoas, maior a arrecadação e nem todo mundo é
estudante, sendo que uma pessoa leva a outra. Não sei também se
isto se dá pelo descredito que a UPEr tem em nossa cidade, mesmo
assim, não se pode penalizar toda uma comunidade estudantil, por uma
instituição sem credibilidade.
Entre
prós e contras, vale analisar também que se querem o “povão”
no parque, é necessário que os preços sejam para a comunidade,
preços populares, só assim pode-se cobrar a participação da
comunidade , pois nenhum pai de familia vai deixar de pagar suas
contas, ou deixar de garantir suas necessidades básicas para ir ao
Motorcycle, e acredite se quiser a maioria esmagadora povo ainda é
pobre, e antes de pensar em se divertir, pensam em suas primeiras
necessidades. Fica a pergunta que não quer calar, será mesmo que o
declínio do Motorcycle este ano, se deu pelo preço ou pelo povo?
De
qualquer maneira, torço para que o evento volte a ser o sucesso que
sempre foi e principalmente, um evento para toda comunidade
fronteiriça, sem distinção de classes sociais.
João
Caetano - Músico/Compositor,
líder
da banda Surfistas de Trem,
Economista
e colaborador do JR.
Comente,
critique, opine !!!
Não
se cale, pois quem cala consente.
E-mail:
surfdetrem@yahoo.com.br
Olha o tipo né, achei um absurdo pedir a identidade junto com a carteirinha de estudante, sem conta que nela constava o meu RG, mas o problema não era esse o problema é que não queriam liberar mesmo MEIA ENTRADA, em todas edições vejo as pessoas que fazem parte da organizar só falarem que reclamamos das coisas, que na cidade nunca tem nada e quando tem fazemos pouco caso. EU tenho a resposta para que não quer calar, são meses para a organização desse evento sem contar que não é a primeira vez que estão promovendo, portanto eles não tem que automaticamente colocar aquele valor na entrada e ficar justificando que já é para os três dias, pq pagar a entrada e ficar só olhando o que tem lá dentro ninguém vai fazer e o dinheiro para a consumir com bebidas, comidas e o parque das crianças? Santa paciência, fica jogando a culpa na população é fácil né, super fácil!!!
ResponderExcluir